Kickstarter volta suas atenções para o bem-estar social

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Se Yancey Strickler e Perry Chen acordassem querendo vender o Kickstarter, criado em 2009, provavelmente teriam em suas contas um saldo maior que U$ 1 bilhão. Mas este não parece ser o futuro do maior site de crowdfunding (em português, financiamento coletivo) do mundo. O que os cofundadores realmente querem é tornar a sociedade um lugar mais criativo e engajado através do site.

A prova disso foi a reincorporação da marca como uma “empresa de benefício público” na metade de setembro – decisão que agitou os principais portais internacionais sobre tecnologia e foi assunto inclusive de uma reportagem especial do New York Times.

Atualmente, startups como o Kickstarter são chamadas pela grande mídia de “unicórnios“. Em poucos meses, elas recebem uma exorbitante valorização no mercado, passam a valer bilhões e são vendidas rapidamente pelos jovens gênios que as criaram, o que demonstra uma preocupação exclusiva com o lucro e não com os benefícios que elas poderão proporcionar à sociedade. E é justamente neste cenário que Strickler e Chen deram o primeiro passo rumo à transformação.

O que significa a mudança?

Em termos legais, a decisão exige que o Kickstarter busque constantemente benefícios para a sociedade. Mas isso não significa que ele deixará de aumentar seus lucros, como qualquer organização: “Corporações de interesse público são empresas com fins lucrativos obrigadas a considerar o impacto de suas ações sobre a sociedade, e não apenas sobre os seus investidores. Radicalmente, o impacto positivo na sociedade torna-se parte dos objetivos legalmente definidos pela própria sociedade “, explicou um comunicado oficial dos sócios.

Na prática, o site terá algumas regras que nortearão seus trabalhos. São elas:

• Transformar em realidade projetos criativos: o Kickstarter criará ferramentas para que pessoas tornem realidade seus projetos, além de permitir que indivíduos do mundo inteiro se conectem e troquem ideias sobre processos criativos.

• Todos os procedimentos internos refletirão os valores sociais: tanto os termos de uso quantos as políticas de privacidade serão claros, honestos e transparentes. Ou seja, nada de letras miúdas em contratos.

• Comprometimento com a sociedade e luta contra a desigualdade: para que isso se torne realidade, o Kickstarter anunciou que irá doar 5% dos seus lucros para instituições de caridade: 2,5% será para programas de música para crianças e jovens adultos, com foco nas comunidades carentes de Nova York; os outros 2,5% apoiarão organizações que combatem preconceitos e empoderam grupos como mulheres e LGBT.

Mais alguém segue a tendência?

O conceito de “empresas de benefício público” ainda é novo, mas vem contra a onda das companhias unicórnios. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 0,01% das organizações entram na característica de interesse público, mas isso não significa que o número não possa crescer.

Em reportagem sobre o assunto, o Wired citou três companhias que se enquadram nesse grupo: Responsive, Ello e August Public Inc. Esta última empresa busca melhorar as práticas empresariais através de uma espécie de consultoria para organizações. Em seu site oficial, é possível acessar a aba “Público”, que leva o usuário ao Google Drive da empresa, com dezenas de documentos interessantes, como posicionamento de Marketing e uma pasta chamada “Finance”, que traz o salário de todos os colaboradores. No Brasil, não foram identificadas empresas que trabalham com essa ideia, mas a expectativa é de que, com a entrada do popular Kickstarter, a tendência cresça.

Projetos sociais de destaque

Com a mudança, o site de crowdfunding dará ainda mais visibilidade aos projetos criativos. Para comprovar que a plataforma pode sim mobilizar pesquisadores, artistas e cientistas, confira abaixo a lista com os projetos (recentes) mais legais que selecionamos para você.

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