42: a revolução do sistema de educação?

Um centro de formação sem professores, salas de aula ou quadros negros. O que para muitos parece impossível, para o empresário Xavier Niel é a fórmula ideal para o seu novo conceito de educação. A 42 é uma escola de ciências da computação onde o conhecimento é construído através da interação entre os alunos e sem a presença impositiva de um professor.

A instituição investe em um sistema baseado no conceito tecnológico peer-to-peer, quando os dados são passados diretamente de um ponto a outro, ou seja, o conhecimento é transmitido através dos próprios alunos. A intenção é que cada um construa soluções para os problemas apresentados, que irão reproduzir situações encontradas no mercado de trabalho, incentivando os alunos a fortalecer sua capacidade de inovação e improvisação.

Durante os cursos, que variam de três a cinco anos, os estudantes devem completar diversos desafios, que ficam disponíveis na intranet da escola. As lições podem ser individuais ou em grupo, e cabe ao aluno decidir como irá resolver o problema e apresentar a solução.

Apesar de não possuir professores, a escola conta com alguns monitores, colegas mais avançados que auxiliam os demais, mas não ensinam, no sentido tradicional. “Nossa ajuda jamais vai ser de explicar como fazer, apenas botá-los no caminho certo”, diz um monitor em entrevista ao G1.

Para cumprir os desafios propostos, eles se baseiam em vídeos, com informações básicas sobre o que deve ser feito, e na internet, além de contar com a ajuda dos colegas. Ao contrário da maioria das universidades, na 42 os estudantes devem apresentar a solução com 100% de acerto. Niel compara os resultados dos alunos a um carro: “Se entregá-lo com apenas três rodas, será um fracasso”, afirma ao Venturebeat.

O sistema diferenciado de ensino ainda possibilita aos frequentadores acesso às dependências 24 horas por dia, sete dias por semana. O que tornou corriqueiro encontrar alunos tirando cochilos nas áreas comuns ou refeitórios, já que eles passam em média 100 horas por semana na instituição.

Apesar de fundada recentemente, a 42 já nasceu com prestígio, e um sistema de seleção extremamente concorrido. Em 2013 – seu primeiro ano de funcionamento – mais de 70 mil pessoas se candidataram, mas apenas mil puderam ingressar.

O sistema de seleção também é diferenciado, a única condição para se inscrever é que os pretendentes tenham entre 18 e 30 anos. Não é necessária nenhuma formação prévia ou a comprovação dos conhecimentos através de diplomas, os candidatos são avaliados somente através de testes de raciocínio on-line.

Para fundar a instituição, que ficou conhecida como o coração dos códigos de Paris, Niel investiu 70 milhões de euros. A intenção é que o valor consiga manter a escola pela próxima década, e que, após este período, as doações dos ex-alunos continuem sustentando o modelo, que não cobra nada dos atuais estudantes.

O empresário afirma que o valor investido na escola é um modo de retribuir ao país que o ajudou a enriquecer. Atualmente, ele é sócio do jornal Le Monde e dono da Free Mobile, empresa de telefonia que vende pacotes de ligações e acesso ilimitado à internet pela metade do preço das concorrentes. Também é conhecido pelos investimentos em start-ups de tecnologia, e aposta em capitais de risco. Somente em 2013, a Forbes estima que Niel faturou mais de 1 bilhão de dólares.

O novo sistema tem se apresentado como uma solução às falhas atuais nos processos de educação, e Niel já cogita abrir outras sedes em diferentes países. Você acredita que este sistema pode ser a solução para a educação? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.

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